Sereia Ca(n)tadora marca a volta de BABEL com livro de peruano

Hoje, 26/nov, às 20h, haverá na Pinacoteca Benedito Calixto – Avenida Bartolomeu de Gusmão, 15/ Santos – um bate-papo com o escritor peruano Óscar Limache, que terá livro lançado pelo novo selo Sereia Ca(n)tadora, da revista de poesia BABEL, de Ademir Demarchi (foto).

Sereia Ca(n)tadora é um selo editorial de livros artesanais criado para marcar a volta da publicação da revista de poesia BABEL. O primeiro título é um livro-piloto da coleção, que será realizada em associação com o Centro Camará de Pesquisa e Apoio à Infância e Adolescência, envolvendo jovens atendidos pela entidade em São Vicente, São Paulo, Brasil.

Esse livro aproveita a vinda do poeta peruano Óscar Limache a Santos, a convite do Instituto Artefato Cultural e do blog de literatura e cultura Revista Pausa (htt://revistapausa.bogspot.com), sendo realizado como forma de estabelecer laços e trocas poéticas, mas também uma homenagem ao poeta, em retribuição ao interesse pela poesia brasileira, representado no fato de que já traduziu um livro de poemas de Mário Quintana, entre outras traduções que está fazendo.

A revista voltará ser publicada em breve, com lançamento provável em janeiro, após ganhar em 1.º lugar, entre 170 projetos, o edital Cultura e Pensamento 2009/2010, do Ministério da Cultura. BABEL Poética será composta por 6 edições especiais preparadas para o Ministério da Cultura, que terão 10 mil exemplares cada, distribuídos nacionalmente, num mapeamento da poesia brasileira focada em questões sociais e políticas. A revista em sua forma habitual também terá enfim concretizada sua edição de número 7, contendo um expressivo número de escritores e artistas da Baixada Santista.

Já o selo Sereia Ca(n)tadora, no espírito cartonero somará-se à rede de editoras criadas na América Latina, juntando-se às brasileiras Dulcineia Catadora e Katarina Kartonera, ampliando o espaço de intercâmbio entre escritores locais e de outros países, como Eloísa Cartonera, na Argentina, o Sarita Cartonera no Peru, o Yerba Mala na Bolívia, Yiyi Jambo no Paraguai, Animita no Chile, La Cartonera no México, entre outros que já chegam a quase 20.

Esses projetos, muitas vezes associados, abrem a possibilidade de divulgação de escritores por toda a América Latina, trabalhando na contramão do mercado editorial que não tem interesse por poesia ou sequer conexão com a literatura produzida contemporaneamente. Daí o sentido especial do selo Sereia Ca(n)tadora publicar como livro-piloto do projeto um livro de Óscar Limache, traduzido pelo jornalista e escritor Alessandro Atanes. A escolha simboliza essas trocas e experiências editoriais que captam a gênese da contemporaneidade, repercutindo um movimento que se expressa na América Latina: nascido da crise através de uma solução que busca a simplicidade baseada em ideais comunitários e cooperativos, além de ecológicos e sociais, os livros são feitos com papelão catado nas ruas ou adquirido de cooperativas de catadores e papel reciclado, com capas pintadas uma a uma artesanalmente. Isso transforma os livros em objetos de arte, na contramão da tendência tecnológica que apregoa o seu desaparecimento para se transformar em algo virtual, encontrando uma relação lúdica com novos e antigos leitores, que faz o sucesso desses selos editoriais.

O selo Sereia vai publicar uma coleção de poetas da América hispânica traduzidos e uma coleção de poetas brasileiros ampliando o trabalho da revista que, assim como o seloSereia, são editados pelo escritor Ademir Demarchi com um coletivo de colaboradores

O primeiro título da coleção é o livro “Voo de identidade”, um sobrevoo poético sobre as Linhas de Nasca, série de inscrições de dimensões gigantescas desenhadas no deserto peruano antes da Era Cristã. Com sua poesia, Limache venceu o principal prêmio literário de seu país, o Copé de Oro e, apaixonado por poesia brasileira, traduziu em 2009 “Preparativos de viagem”, de Mário Quintana.

O livro foi feito com papelão catado nas ruas e teve as capas elaboradas uma a uma por Ademir Demarchi, Alessandro Atanes, Carmem Lúcia Brandalise e Paulo de Toledo; impressão por Alessandro Atanes e Marcelo Ariel e encadernação feita por Ademir Demarchi. O desenvolvimento do selo será feito no ano que vem pelo coletivo do Centro Camará com jovens atendidos pela instituição.

O encontro na Pinacoteca, com apoio do escritor Flávio Viegas Amoreira, será mediado pelo jornalista Alessandro Atanes, responsável pela tradução de “Voo de Identidade”. A entrada é gratuita.

Óscar Limache. Nasceu em Lima em 1958. Venceu em 1988 o Copé de Oro, principal prêmio de poesia do Peru, com o qual publicou o livro “Viaje a la lengua del porcoespín”, já em sua quarta edição. Seus livros foram publicados também no México e em Cuba e agora, chegam ao Brasil.

*Ademir Demarchi

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